EM FEVEREIRO A GENTE VOLTA
COM TEXTOS INÉDITOS E OUTRAS
NOVIDADES!!
Até lá, continue com a gente,
refletindo sobre coisas que podem mudar o rumo da sua vida em 2016.
refletindo sobre coisas que podem mudar o rumo da sua vida em 2016.
VOCÊ NÃO
ESTÁ NUM SUPERMERCADO. ISTO É A VIDA. E A VIDA ESTÁ CHEIA DE PESSOAS.
(Por Denize
Vicente)
Sentada num
fim de tarde e folheando “Em Outras Palavras”, da Lya Luft, encontro um texto
em que ela discorre sobre os rótulos que colocamos nas pessoas. Na verdade, ela
nos leva a refletir sobre as relações simpáticas e agradáveis que iniciamos –
sejam de amor ou de amizade -, e que, de repente, lenta e insidiosamente, se
transformam em indiferença, irritação, e até em crueldade...
Há dois
trechos nessa mesma crônica que retratam muito bem essa forma de agir:
No mais trivial comentário, por que, em lugar de olhar para o outro, a gente tem tanta facilidade em rotular, discriminando, marcando a ferro e fogo o colega, amigo, vizinho, amado ou amada, até mesmo rival? Humilhamos até sem pensar: “Burro, arrogante, falso, preguiçoso, mentiroso, omisso, desleal, vulgar, gordo, magrela, baixinho, pigmeu, girafa, vesgo, gay.”
(...)
Pergunto a uma amiga pelo seu genro: "Aquele? Cada vez mais gordo!" Mas talvez eu quisesse saber se fazia a filha dela feliz.E nossa amiga comum? "Irreconhecível, deve ter feito a milésima plástica!" Não me deixou saber se a mulher de quem falávamos se recuperara da viuvez ou de alguma doença, se estava deprimida ou superando algum trauma. 1
Você percebe
como é tão comum rotular, mesmo quando pensa que está apenas “batendo papo”?
Colocamos rótulos nas pessoas de forma tão natural e corriqueira, e com tamanha
frequência, que de tão habitual nem nos causa estranheza! Trocamos a conversa
que importa por superficialidades que não interessam. Como isso é horrível!
"Sujeito
metido a besta, cidadezinha sem graça, curso fraco, professor ultrapassado,
alunos medíocres, emprego de quinta, cantor desafinado, empresário falido, ou,
na imprensa: ‘mulher, aposentado, idoso’" 2,
são etiquetas de identificação, que qualificam e estratificam os lugares e as
pessoas, muitas vezes de um jeito pejorativo, e, em geral, quando se trata de
gente, explicitando suas imperfeições físicas ou suas debilidades. Mas as
pessoas têm nome, sentem, vivem, sofrem, existem para além do que estampam, são
mais do que aparência, não se confundem com a sua profissão, com seu estado
civil, com a religião que professam, com a cidade onde nasceram, com o lugar
onde moram, com suas características físicas, tampouco com suas fraquezas ou
seus fracassos.
Diversas
histórias bíblicas mostram como Jesus Cristo, o homem mais amável do mundo,
tratava as pessoas. Ele não as rotulava; aliás, arrancava as etiquetas que eram
colocadas pelos outros – prostituta, leproso, anão, coletor de impostos,
samaritano, rico, jovem, publicano, viúva, escravo, senhor, gentio, mulher,
fariseu, aleijado, cego... – porque, conhecendo as intenções, a essência, era
capaz de se relacionar com a pessoa e não com a imagem rotulada.
Nós também
convivemos com pessoas e não com imagens rotuladas.
Valorize
seus relacionamentos; seja agradável ao se referir a alguém; cuide bem daqueles
com quem você convive, evitando comentários maldosos, palavras que ferem,
olhares que machucam. Cada ser humano tem dificuldades, problemas, qualidades e
sentimentos. Mas nenhum deles é isso. São pessoas. Não devem ser rotuladas nem
reduzidas.
Ao se
relacionar com as pessoas, não coloque etiquetas e retire as que você
encontrar. Seja amável. Como Jesus.
Isso fará
bem a elas. A você. Ao mundo. À vida.
___________________________________
Referências:
1- LUFT,
Lya. Em outras palavras. Rio de Janeiro: Record, 2006 – 2ª edição pp. 119 e 120
2- Ibidem,
p. 120
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