terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O LIVRO DA MINHA VIDA

EM FEVEREIRO A GENTE VOLTA
COM TEXTOS INÉDITOS E OUTRAS NOVIDADES!!
Até lá, continue com a gente,
refletindo sobre coisas que podem mudar o rumo da sua vida em 2016.


O LIVRO DA MINHA VIDA
(Por Airton Sousa)

Minha relação com os livros é algo muito pessoal. Não gosto de falar deles. São meus. A maioria deles li em noites solitárias e chuvosas. Foram meus amigos ocultos e participaram das minhas teorias conspiratórias e muitas vezes me acalmaram e aliviaram a noite que se anunciava fria.

Quando eu era pequeno li “O mistério da caverna”, que narrava as aventuras de dois meninos que passavam a noite caminhando pela aldeia e praticando o bem. Os dois, munidos com sua lanterna, consertavam uma casa aqui, um barquinho ali, devolviam um objeto perdido acolá... e tudo na calada da noite, até serem investigados e descobertos pelo detetive Roy, já que a pequena aldeia estava em alvoroço tentando descobrir os autores daqueles mistérios estranhos. Li “O mistério da caverna" quantas vezes pude. Praticamente a infância inteira.

Lá na pequena Escola Adventista de Campo Grande havia o "Clube do livro" e na quarta série fui campeão, com um recorde de leitura. A contagem era pelo total de páginas lidas. Isso me lembra a professora Miriam Mariana Barbosa (sei o nome inteiro de cor). Depois, já no ensino fundamental, lá pela quinta ou sexta série li “Férias em Xangri-lá”, indicado pela minha querida professora Vasty Heiderich que encantou e envolveu minha pré-adolescência. Lembro-me do salseiro que os pais de alguns alunos criaram quando ela recomendou a leitura do livro “Meu pé de laranja lima”, lá na Escola Adventista de Madureira. Essa professora é um dos posts mais bonitos da minha vida que vou guardar para publicar no dia dos professores.

Para ser bem sincero, os livros substituíam os brinquedos, já que éramos pobres e a diversão era ler. E pra ser mais sincero ainda, muitas vezes substituíram a própria alimentação. Comida já foi coisa rara em minha vida. Livros não. Nunca.

Na publicidade, li todos os livros de marketing, técnicas de pesquisas e mais todos os que tinha que ler, até o momento em que esses foram trocados pela coleção inteira com 33 volumes de "Asterix".

Houve outros e outros e centenas deles, que encontrei pela rua, nos sebos. Eu gosto de sebo até hoje; é onde faço pequenas pescarias de livros raros e antigos.

Mas este texto não era para tratar dos livros que li, comprei em livrarias e sebos ou nas calçadas da Praça da República. O que quero contar hoje é sobre o livro da minha vida. Quando estava preparando minha mudança de volta para o Rio de Janeiro, encontrei a minha velha Bíblia guardada em uma caixa cheia de poeira. Essa Bíblia ganhei da minha mãe e repassei ao meu filho quando ele casou, em 2009. Eu tenho outros exemplares da Bíblia, mas estou falando deste, especificamente. Dei como presente de casamento para o meu filho, mas não sei por que motivo ela estava na minha bagagem de volta. Na primeira página, a dedicatória: “Filho este livro vai fazer você esquecer o pecado. Ou o pecado vai fazer você esquecer este livro”.

Esse exemplar está comigo novamente e sempre bem visível, e eu o tenho desde 1986.

É item de bagagem, é horóscopo, é meditação, é remédio, é a minha bússola diária. Não foi o único, como puderam ver, mas foi o que me acompanhou nesta longa e agitada vida. E foi nele que aprendi a mais absoluta de todas as verdades: "O choro pode durar uma noite inteira, mas a alegria virá pela manhã".

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