terça-feira, 17 de julho de 2018

AOS VELHOS E NOVOS AMIGOS



AOS VELHOS E NOVOS AMIGOS
Airton de Sousa – Direto de Paciência – Rio de Janeiro
  
Se você já teve um amigão na sua vida, você vai concordar comigo: ele era gordinho e se chamava "Zé", não é verdade?  Era justamente disso que eu estava querendo fugir. Mas parece que não restam muitas alternativas para quem é gordinho e se chama "Zé”. De repente, você acha que não precisa mais de amigos, já que tem todos. Não tem mais espaço na agenda para fazer novos amigos.


Eu li o livro do Seinfeld, e tirei alguns conceitos de um texto dele, chamado "Amigolândia", para escrever este post.

"Quando a gente faz quarenta anos ou mais de idade, é difícil fazer um amigo novo. Sejam quais forem os amigos que a gente conviveu até hoje, é com eles que a gente quer continuar vivendo."

"A gente não sai por aí entrevistando gente nova, nem olha para a gente nova, não está interessado. Eles não conhecem os lugares, os gostos, não conhecem a nossa comida. Nem sabem o nosso time de futebol."

"Se me apresentam um candidato a amigo, eu nem perco mais meu tempo e vou logo dizendo: Eu sei que você é um cara legal, parece ter um potencial muito bom, mas no momento não estou contratando ninguém para o cargo de amigo."

Por onde andei fiz amigos, e os tenho aos montes. E embora seja ausente, sou fiel às lembranças, às datas de aniversários. Cada um com sua vida, sua história, sua família... mas basta um encontro, planejado ou não, e a gente começa o papo exatamente de onde parou há trinta anos. Um pouco de conversa é suficiente para se atualizar sobre o que a pessoa está fazendo agora nestes dias, e já voltamos ao passado - o que queremos mesmo é saber como foi resolvida aquela história, aquele namoro, como foi isso, como foi aquilo.

"Amigos novos não têm história, nem sabem o que estávamos fazendo no ano passado."

 
Mas aí, de repente, você abre a guarda e você vai a uma festa, ou a uma reunião da igreja, e descobre um amigo novo e depois outro e outro... E, de repente, lá está você chorando ou tomando as dores de pessoas que você nunca viu na sua vida.  Essas pessoas entram na sua vida de um jeito esquisito, sem pedir licença... E você as ama do mesmo jeito esquisito, sem pedir licença... E de repente, viram amigos de infância... E, de repente, elas sabem da sua vida inteirinha que nem aquele seu melhor amigo que estudou do fundamental até o superior com você sabia... E você se entrega e, ao mesmo tempo, aceita a entrega.

É incrível como esses novos amigos passam, de um momento para outro, a fazer parte da sua vida. E você acaba abrindo mão do conceito de que não precisa mais de amigos depois dos quarenta ou cinquenta.

Aqui no Rio, tenho reencontrado os amigos do passado e tenho encontrado novos amigos. E descubro, feliz, que sempre há lugar para um novo amigo.

Foi meu amigo Everton Vital quem disse uma vez que “toda gente é uma mistura e nós somos uma mistura de todas as gentes que passaram pelo nosso coração. A matéria-prima de gente é gente. E a gente vai sendo feita de gente. É nosso jeito ser pegajoso, aderente e assim as pessoas se transmitem, se contagiam e se alteram umas às outras.”.

Sabe por que tô falando tudo isso? É porque nesta sexta, dia 20 de julho, é o Dia do Amigo. E como dizia o Roberto Carlos, amigo do Erasmo:
- É muito bom saber, que você é meu amigo.


 
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Referência/Fonte:

"O melhor livro sobre nada", Jerry Seinfeld (Editora Frente)

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