sexta-feira, 15 de novembro de 2019

SUBLIME


SUBLIME
Denize Vicente - Rio de Janeiro - RJ

Eu sou do tempo em que os blogs bombavam na internet. E os blogueiros se visitavam, comentavam nas postagens uns dos outros. A gente fazia amizades virtuais porque se identificava com a escrita e com os pensamentos do outro, e algumas vezes porque discordava mesmo. Fiz grandes amigos “virtuais” e alguns deles passaram pra vida real. Conheci gente que frequentou a minha casa, gente que me levou pra sua casa, conhecemos famílias novas, viajei pra São Paulo, fui pra Europa, e encontrei amigos que fiz por conta dos blogs... Que tempo bom!

Hoje nem todos têm paciência de ler ou escrever muita coisa. Facebook é o tio idoso do Instagram, às vezes um mural de ofensas, curtas e grossas. Twitter, quando tem aquele “fio” (“thread”), muitos não seguem. A ideia de fazer novos amigos por aqui praticamente não existe mais, porque não se tem muito a ideia da “troca”. Na maioria das vezes, queremos falar. E só.

Foi pensando no tempo em que a gente trocava mais ideias, dicas, sugestões, experiências – e feriados nublados no Rio de Janeiro me levam a isso, essas coisas de nostalgia -, que eu me lembrei das correntes que circulavam nos blogs. Aí me deu vontade de resgatar uma delas e trazer pra vocês.

Funcionava assim: alguém postava a corrente e marcava o nome de um número x de pessoas pra participar da brincadeira também. Eram coisas divertidas, na maioria das vezes interessantes. Não era corrente dessas com fake news nem jogando praga pra quem não passasse adiante... eram lúdicas e geralmente a gente aprendia alguma coisa, pegava uma boa dica de leitura, ou só gastava o tempo mesmo... Eu costumava responder (com atraso), mas raramente marcava alguém pra passar adiante, porque ninguém é obrigado, né? J

Olha um exemplo:
1.    Pegue o primeiro livro que encontrar (sem escolher!)
2.    Abra-o na 161ª página
3.    Procure pela 5ª frase
4.    Poste a frase no blog
5.    Não escolha a melhor frase nem o melhor livro
6.    Repasse para 5 pessoas


Só pra não deixar vocês sem resposta, vou (re)fazer agora. O livro aqui perto é ESCRAVIDÃO, vol. I, de Laurentino Gomes. Olha a frase: "Um sistema peculiar de escravização na África era o de ‘peonagem’.".

E se você não entendeu nada, agora vai ter que pesquisar pra saber o que é “peonagem”... ou vai ter que ler o livro.

E como o assunto é corrente e Literatura, vou terminar meu momento nostalgia compartilhando com vocês um trecho do meu autor querido e preferido, Leo Buscaglia:


Existe um conto hindu sobre um homem num pequeno barco, remando contra a corrente num rio com rápidas correntezas. Depois de uma grande batalha, finalmente descobre que o esforço é inútil e desiste, coloca os remos de lado e começa a cantar.
O momento lhe ensina uma nova maneira de viver; só quando se deixar levar pelo rio será um homem livre.

(extraído de AMOR, por Leo Buscaglia,
p.108, 7ª ed., Editora Record)


Não sei quais são seus planos para hoje, nem sei contra que correntes você tem remado, num esforço inútil. Eu não sei, mas você sabe. Coloque os remos de lado e comece a cantar. Esse momento pode lhe ensinar uma nova maneira de viver. Um modo sublime...




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