SUBLIME
Denize Vicente - Rio de Janeiro - RJ
Eu sou do tempo em que os blogs bombavam na
internet. E os blogueiros se visitavam, comentavam nas postagens uns dos
outros. A gente fazia amizades virtuais porque se identificava com a escrita e
com os pensamentos do outro, e algumas vezes porque discordava mesmo. Fiz
grandes amigos “virtuais” e alguns deles passaram pra vida real. Conheci gente
que frequentou a minha casa, gente que me levou pra sua casa, conhecemos famílias
novas, viajei pra São Paulo, fui pra Europa, e encontrei amigos que fiz por conta dos blogs... Que
tempo bom!
Hoje nem todos têm paciência de ler ou
escrever muita coisa. Facebook é o tio idoso do Instagram, às vezes um mural de
ofensas, curtas e grossas. Twitter, quando tem aquele “fio” (“thread”), muitos
não seguem. A ideia de fazer novos amigos por aqui praticamente não existe mais,
porque não se tem muito a ideia da “troca”. Na maioria das vezes, queremos
falar. E só.
Foi pensando no tempo em que a gente
trocava mais ideias, dicas, sugestões, experiências – e feriados nublados no Rio de Janeiro me levam a isso, essas coisas de
nostalgia -, que eu me lembrei das correntes que circulavam nos blogs. Aí
me deu vontade de resgatar uma delas e trazer pra vocês.
Funcionava assim: alguém postava a corrente
e marcava o nome de um número x de pessoas pra participar da brincadeira
também. Eram coisas divertidas, na maioria das vezes interessantes. Não era
corrente dessas com fake news nem jogando praga pra quem não passasse
adiante... eram lúdicas e geralmente a gente aprendia alguma coisa, pegava uma
boa dica de leitura, ou só gastava o tempo mesmo... Eu costumava responder (com
atraso), mas raramente marcava alguém pra passar adiante, porque ninguém é obrigado,
né? J
Olha um exemplo:
1.
Pegue o primeiro livro que encontrar (sem
escolher!)
2.
Abra-o na 161ª página
3.
Procure pela 5ª frase
4.
Poste a frase no blog
5.
Não escolha a melhor frase nem o melhor
livro
6.
Repasse para 5 pessoas
Só pra não deixar vocês sem resposta, vou (re)fazer
agora. O livro aqui perto é ESCRAVIDÃO, vol. I, de Laurentino Gomes. Olha a
frase: "Um sistema peculiar de escravização na África era o de ‘peonagem’.".
E se você não
entendeu nada, agora vai ter que pesquisar pra saber o que é “peonagem”... ou vai
ter que ler o livro.
E como o assunto
é corrente e Literatura, vou terminar meu momento nostalgia compartilhando com
vocês um trecho do meu autor querido e preferido, Leo Buscaglia:
“Existe um conto hindu sobre um homem num pequeno barco, remando contra a corrente num rio com rápidas correntezas. Depois de uma grande batalha, finalmente descobre que o esforço é inútil e desiste, coloca os remos de lado e começa a cantar.
O momento lhe ensina uma nova maneira de viver; só
quando se deixar levar pelo rio será um homem livre.”
(extraído de
AMOR, por Leo Buscaglia,
p.108, 7ª ed., Editora Record)
p.108, 7ª ed., Editora Record)
Não sei quais são seus planos para hoje, nem sei contra que correntes você tem remado, num esforço inútil. Eu não sei, mas você sabe. Coloque os remos de lado e comece a cantar. Esse momento pode lhe ensinar uma nova maneira de viver. Um modo sublime...
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