O ÚLTIMO ESCOLHIDO
NO TIME
Airton Sousa –
Direto da Quarentena
Quando eu era mais
jovem, gostava de jogar bola com os jovens da igreja que eu frequentava, em
Campo Grande, no Rio. A gente jogava em um campo cedido pelo Batalhão da
Polícia Militar, ao lado do cemitério.
Geralmente, quem
montava os times eram os dois melhores jogadores da turma e eu via a cara deles
quando eu estava entre os que seriam escalados pra jogar. Eu sempre era o
último a ser escolhido; às vezes nem era escolhido.
O jogo começava e
me mandavam jogar na zaga; daí, eu fazia besteira e me mandavam pro gol;
aí, eu tomava uns frangos e me mandavam pro banco.
Eu me lembro até
hoje de uma única vez em que eu estava jogando lá na frente e a bola chegou
linda nos meus pés; só tinha o goleiro na frente, era chutar e correr para o
abraço. Quando o goleiro, o Jeferson, me viu sozinho com a bola, ele disse uma
frase que nunca esqueci: “Eu me recuso a levar gol do Zé!”. E
simplesmente abandonou o gol. E mesmo assim, eu ainda chutei para fora.
Traumatizei, desisti do futebol, mudei pra São Paulo e comecei a torcer para o
Palmeiras.
Aquela época, vou
lhe dizer, o futebol jogado naquele campinho... é uma das coisas de que mais
tenho saudades!
Mas eu levei pela
vida a tristeza de não saber jogar futebol. Eu queria ser um craque, mas não
rolou um clima entre ela, a bola, e eu.
A grande questão é:
será que Deus se importa com o fato de eu ser o último escolhido no time?
Se você acha que
Deus não se preocupa, saiba que Ele sabe onde você mora, sabe o nome da rua e o
número da sua casa. Seu CPF, carta de motorista. Seu sobrenome. Ele não dorme,
Ele guarda a sua entrada e a sua saída. Ele sabe quem deixou você, quem o
traiu, quem o molestou, quem o feriu. Ele sabe quem você é.
Se o fato de você
ser o último a ser escolhido no time o deixa triste, Deus se importa sim. Com
certeza.
Deus se importa com
tudo que deixa você triste, ou pra baixo. Ele se importa com cada detalhe da
sua vida e no time dEle você nem precisa se contentar com o banco de reservas.
Você é sempre escolhido de cara.
“Em todos os tempos
e lugares, em todas as dores e aflições, quando a perspectiva se afigura
sombria e o futuro cheio de perplexidades, e nos sentimos desamparados e sós, o
Consolador será enviado em resposta à oração da fé. As circunstâncias podem
separar-nos de todos os amigos terrestres; nenhuma, porém, nem mesmo a
distância, nos pode separar do celeste Consolador. Onde quer que estejamos
aonde quer que vamos, Ele se encontra sempre à nossa direita, para apoiar,
suster, erguer e animar." (Ellen G. White, O Desejado de Todas as
Nações, pp. 669 e 670).
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