quarta-feira, 29 de abril de 2020

FALÊNCIA DO TEMPO


FALÊNCIA DO TEMPO
Larissa Oliveira – Bento Ribeiro             

Um texto de Julián Fuks

Ensaio: Falência do tempo - Pandemia provoca a ilusão de um futuro desfeito

Este é um tempo de falências. Por toda parte nos chegam notícias de uma falência múltipla: de órgãos corporais, de sistemas de saúde, de famílias, de empresas, da razão, da presidência. E de todas as falências que compõem este tempo, talvez a mais discreta, embora manifestada em tantos detalhes e sentida por muita gente, seja a falência do próprio tempo.

Ouço dos amigos, dos parentes, ouço dos desconhecidos que me alcançam em vídeos cômicos ou melancólicos: isolado em quarentena, o tempo estancou e se recusa a exercer o seu efeito. As horas se repetem, indistinguíveis, indiferentes, e revelam sua absoluta inutilidade, dispostas apenas a expor o cortejo das nossas tragédias. Às notícias interminavelmente tristes, somam-se a impotência, o temor, o tédio, o desalento, e assim vão produzindo algo como um inchaço do presente - que ofusca até mesmo o passado mais próximo, e parece bloquear a vista do futuro inteiro.

Não será a primeira vez que se revela a maleabilidade do tempo, sua subjetividade, sua submissão às leis da incerteza. Sobre a relatividade do tempo, aliás, a tão atacada ciência já cuidou de oferecer fórmulas convincentes. Em situações críticas, porém, não é absurdo dizer que a imprecisão se agrava, que relógios e calendários se mostram ainda mais descartáveis, arbitrários, infames.

O alemão W. G. Sebald devotou quase toda sua obra literária, das mais potentes da nossa época, a compreender as nuances do trauma histórico. É na boca de Austerlitz, seu personagem mais emblemático, que ele situa palavras sobre o tempo, que "não avança de forma constante, mas se move em redemoinhos", que é marcado por "estagnações e irrupções", que "evolui sabe-se lá em que direção". Habitado pelo trauma desde a infância, Austerlitz por vezes se deixa tomar pela esperança de que o tempo não passe, para que nada tenha se passado, para que não seja verdade o que conta a História.

Imersos como estamos no âmago de um possível trauma, coletivo e disperso, não é fácil decifrar o sentido da paralisia temporal que nos toma. Não é o passado o que tentamos negar agora, pelo contrário: a maioria de nós parece contemplar até com certa nostalgia os meses, as semanas, os dias que antecederam este presente atípico. Eram dias de liberdade e inocência: saíamos às ruas, fazíamos festas, abraçávamos os amigos, desconhecíamos a medida da contenção que logo tomaria conta de tantas vidas. Vivemos agora uma ausência desse passado, como se ele tomasse distância e já não nos pertencesse.

"Os mortos estão fora do tempo, os moribundos e todos os doentes nos leitos das suas casas ou dos hospitais, e não são só eles, pois um tanto de infelicidade pessoal já basta para nos cortar de todo o passado e de todo o futuro", descreve Austerlitz. Nós, em nosso tempo, percebemos que basta a iminência da dor e da infelicidade, ou basta que adquira um caráter amplo e social, para que toda a ordem temporal colapse.

O futuro é o que mais estremece, o que mais gera desconfiança. Por toda parte se propaga o discurso de que o mundo mudou para sempre e jamais seremos os mesmos. Em tal discurso, o futuro é estreito, não se estende além dos próximos meses, do próximo ano, desconsidera a possibilidade dos anos plurais, das décadas. Nessa ausência de horizonte, a paralisia do tempo se torna paralisia geral, se torna pandêmica. Tantos de nós vamos cancelando projetos, e nos parecem insensatos os trabalhos que faríamos, as festas que daríamos, inúteis as aulas que poderíamos cursar, fúteis os livros que escreveríamos.

Contra toda a paralisia, entre as muitas ações que o presente nos exige, talvez não seja pouco importante a luta contra a falência do tempo. Ou melhor, a luta contra a ilusão de que já não há tempo, de que o passado não nos pertence, de que o futuro caducou ou inexiste. Não deixemos que a obscuridade do presente nos cegue: é amplo o horizonte do tempo e é em direção a ele que avançamos. Todo projeto, todo trabalho, todo livro encontrará ainda o seu momento.

Pois o tempo, é Borges quem diz, não é mais que a sucessão, a incontível cadeia de acontecimentos. Enquanto todos dormem, ou batem panelas, ou ouvem inertes os estúpidos pronunciamentos, o silencioso rio do tempo está fluindo nas ruas, nas praças, nos campos, no espaço, está fluindo entre os astros. Não há de demorar o dia em que as notícias ruins serão esparsas, e em que saberemos contar outras histórias. Não há de demorar o dia em que despertaremos para ver que o presente virou passado, e que um futuro inteiro nos aguarda.
Publicado em: 24/04/2020


Só eu conheço os planos que tenho para vocês: prosperidade e não desgraça e um futuro cheio de esperança. Sou eu, o Senhor, quem está falando.” Jeremias 29:11

Um forte abraço!




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Fonte/Referência:

Falência do tempo - Pandemia provoca a ilusão de um futuro desfeito” - disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/opiniao/2020/04/24/ensaio-falencia-do-tempo---pandemia-provoca-a-ilusao-de-um-futuro-desfeito.htm - acessado em 25.04.2020.

terça-feira, 28 de abril de 2020

SAUDADE DO PARAÍSO

SAUDADE DO PARAÍSO
Airton Sousa – direto de Paciência –Rio de Janeiro - RJ

Vi um texto do meu amigo Jackson Valoni, no Facebook, em que ele começava floreando bastante e explicando que gostava de florear até chegar ao assunto que ele realmente queria escrever. Pensei que eu também gosto de florear, sempre contando uma história que aconteceu comigo mesmo. O problema é onde arrumar tanta história para florear...

Mas este ano, vou te contar... Senta que lá vem história e histórias. É como diz uma frase popular: “É um eita atrás de eita.”. E ainda estamos em abril!

Não consigo me esquecer do paraíso nem de como fugi de lá...

Arraial do Cabo
 
Uma ambulância entrou na cidade para buscar um funcionário de um hospital da cidade do Rio, tudo combinado com a Diretoria. Então, eu, que precisava voltar para o Rio de Janeiro, arrisquei pedir uma carona. Só havia dois lugares vagos, uma cadeirinha de costas para o motorista ou a maca que transporta o paciente. Escolhi a cadeirinha. Foram três horas de viagem. E foi a viagem mais desconfortável que fiz nesta vida. Mas era o único jeito que tinha para sair dali...

Na semana passada, escrevi aqui sobre quando Adão e Eva pecaram e foram expulsos do paraíso, mas que Deus tinha um plano prontinho para o resgate: Seu filho viria à Terra viver e morrer pelo pecador. Voluntariamente Jesus Cristo tomou sobre si a punição que deveria ser aplicada ao homem e voluntariamente morreria para que homem pudesse viver.

A conclusão que chego é que a gente faz tudo para sair do paraíso e Deus faz tudo para nos levar de volta.

Apegue-se a isso e fique ligado. Os mesmos braços que foram pregados na cruz por mim e por você em breve se estenderão para nos dar as boas-vindas no paraíso.

Viva com essa esperança!




quarta-feira, 22 de abril de 2020

PLANTADO EM UMA BANDEJA


PLANTADO EM UMA BANDEJA
Larissa Oliveira – Bento Ribeiro - Rio de Janeiro - RJ             

Em janeiro deste ano aconteceu o Festival da Cultura Japonesa, no Riocentro, aqui no Rio de Janeiro. E lógico que um dos setores que eu mais queria visitar era o dos belíssimos bonsais.

Confesso que não sabia quase nada sobre eles e tive uma grande aula naquele dia.

Até já sabia que o objetivo de se cultivar um bonsai é criar uma representação em miniatura, contudo realista, da Natureza, na forma de uma árvore. Porém, aprendi que praticamente qualquer árvore pode se tornar um bonsai. Jabuticabeiras, romãzeiras, amoreiras, macieiras.... ou florais, como azaleias, bougainvilleas... a lista é extensa...

 
Bonsai é uma técnica. E a verdade é que para se criar todo esse cenário realista as técnicas utilizadas são para restringir que as raízes tenham capacidade de armazenar alimentos e com isso não cresçam e não desenvolvam a árvore. E mais, são enrolados arames para dobrar e reposicionar os galhos, restrição do uso de fertilizantes, poda constante, pinçamento de brotos etc.

Apesar de serem lindas e terem um aspecto saudável os bonsais não são plantas anãs por natureza; elas são plantas normais que foram formatadas para viverem em uma bandeja! Que triste, não acha?!

Deus criou você parecido com Ele. Criou você para viver como uma linda e frondosa árvore que finca suas raízes nas profundezas do solo. As dificuldades da vida e modismos coletivos às vezes nos aprisionam em bandejas. A gente não cresce, não aprofunda raízes, não somos tudo o que nascemos para ser... parecemos bonitos, apenas...

          "Vejam como é grande o amor que o Pai nos concedeu: sermos chamados filhos de Deus, o que de fato somos!" I João 3:1

Você tem se limitado em alguma bandeja? Arames lhe prendem? Você nasceu para ser um bonsai ou uma árvore natural?

“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:2
         
Que nada limite você a quebrar essa bandeja e viver tudo que o você nasceu para viver.

Um forte abraço!

terça-feira, 21 de abril de 2020

FUGINDO DO PARAÍSO

FUGINDO DO PARAÍSO
Airton de Sousa – Direto de Paciência, Rio de Janeiro - RJ

Quem me acompanha aqui no blog sabe que eu estava quarentenado em Arraial do Cabo. Entrei lá com a intenção de passar um final de semana, mas as coisas saíram do controle.

Arraial do Cabo é um paraíso. Que cidade linda! Mas estava vazia... Eu saia para caminhar cedinho e não havia ninguém na rua nem na praia. Calçadão deserto. Todos os acessos à cidade foram fechados. Não tinha como sair dali, pois as demais cidades também estavam com seus acessos bloqueados.

Depois de 20 dias “preso” surgiu uma chance de fugir dali. E eu consegui sair de lá de um modo espetacular. Foi a própria fuga do paraíso... Quando eu estava saindo da cidade, olhei pela fresta da janela da ambulância e pensei comigo mesmo: Eu volto logo, Arraial!


A vida é cheia de altos e baixos. Um dia tudo está funcionando perfeitamente, então no outro dia as coisas saem do rumo, as rodas saem do trilho e a gente se vê no buraco, perguntando: O que aconteceu? Tudo estava funcionando bem... A casa caiu.

O plano original da criação corria bem. Tudo estava centrado na Trindade, até que um anjo dotado de beleza e sabedoria, pelo Criador, resolveu se revoltar contra quem o havia criado.

Lúcifer usou de uma arma que não estava no programa: mentiras. Nosso Criador é a própria personificação da verdade, e ao torcer a verdade e criar mentiras Lúcifer conseguiu arregimentar uma terça parte dos anjos, criando assim uma rebelião contra o governo de Deus. Esta história é narrada na Bíblia em Apocalipse 12:7-9. Lúcifer foi expulso do Céu.

E assim chegamos nesta parte da história do Universo: como foi que começou o conflito entre o bem e o mal e como foi que a gente se envolveu nessa história?

Deus avisou a Adão e Eva: “Nunca se aproximem daquela árvore. Não comam do seu fruto, pois, senão, conhecerão a morte e o mal”, mas, disfarçado de serpente, Satanás testou a confiança e a lealdade de Adão e Eva. E eles acreditaram nas suas mentiras! Pronto. A partir daquele momento, Lúcifer conquistou o domínio sobre esta Terra. Seu governo de morte, maldade e sofrimento começaram.

O mal começou a dominar sobre este mundo. O paraíso se transformou numa terra seca, cheia de maldade e doenças que foram nos afastando de Deus.

“Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.” Romanos 5:12

Jesus Cristo é o nome sobre todos os nomes. O único que irá nos restaurar e livrar de todos esses males que enfrentamos todos estes dias.

O desejo de voltar ao paraíso é enorme. Todos sonhamos com isso. O Pai prometeu e logo, logo, o Filho do homem voltará para buscar Seus filhos e levá-los de volta ao paraíso.

Eu acredito nisso.