POESIA EM TEMPOS DE COVID-19
Denize Vicente – em pleno distanciamento
social. Em casa. Rio de Janeiro - RJ
A
ARTE DE VIVER
A arte
de viver
É simplesmente
a arte de conviver...
Simplesmente,
disse eu?
Mas
como é difícil!
(Mario Quintana, Poesia Completa, Editora
Nova Aguilar, p.895)
Tem sido fácil conviver, nestas últimas
semanas? Casas grandes ou pequenas têm mantido juntas por uma infinidade de tempo
pessoas que muitas vezes só se viam duas ou três horas por dia e depois
dormiam. Agora as pessoas podem fazer juntas suas refeições, podem brincar, ver
todas o mesmo filme no mesmo sofá... mas talvez também estejam buscando refúgio
em ambientes mais restritos dentro do ambiente comum – seu quarto, a varanda,
até o banheiro... – exatamente porque não estão dando conta de conviver tanto
com pessoas tão “estranhas”.
Tem sido difícil conviver?
Meu convite, hoje, é para que você se
(re)encontre com sua família. Cada um tem seu jeito, seu modo, suas ideias.
Muita coisa em comum que talvez você ainda não tenha descoberto, outras coisas que
de tão diferentes podem dar motivos para rir, despertar altas conversas e garantir
boas risadas. Sejamos leves.
FAMÍLIA DESENCONTRADA
O
Verão é um senhor gordo, sentado na varanda,
suando
em bicas e reclamando cerveja.
O
Outono é um tio solteirão que mora lá em cima
no
sótão e a toda hora protesta aos gritos: "Que barulho é esse na
escada?!"
O
Inverno é o vovozinho trêmulo, com a boina enterrada
até
os olhos, a manta enrolada nos queixos e sempre
resmungando:
"Eu não passo deste agosto,
eu
não passo deste agosto..."
A
Primavera, em contrapartida
-
é ela quem salva a honra da família! -
é
uma menininha pulando na corda cabelos ao vento
pulando
e cantando debaixo da chuva
curtindo
o frescor da chuva que desce do céu
o
cheiro de terra que sobe do chão
o
tapa do vento na cara molhada!
Oh!
a alegria do vento desgrenhando as árvores
revirando
os pobres guarda-chuvas
erguendo
saias!
A
alegria da chuva a cantar nas vidraças
sob
as vaias do vento...
Enquanto
-
desafiando o vento, a chuva, desafiando tudo -
no
meio da praça a menininha canta
a
alegria da vida
a
alegria da vida!
(Mario Quintana - Poesia Completa, Editora
Nova Aguilar, p.948)
A
vida tem alegrias, sim. Sejamos a menininha desafiando tudo cantando a alegria
da vida.
Viver é uma arte. A difícil arte de
conviver. Com sua família desencontrada, seus amigos, seu chefe, seus
subordinados, seus vizinhos, seus colegas de escola, a turma de faculdade, do
clube, da igreja... Se conviver tem sido difícil nas redes sociais, na rua, no
ambiente de trabalho, eu imagino como pode estar sendo dentro de casa, todos
juntos em tempo integral...
A harmonia da família é o resultado de um
trabalho conjunto, sabe? Cada um é responsável por fazer da sua casa um lar e
do seu lar um lugar de paz, alegria e amor. Deus ajuda, se você quiser. Peça. Porque
o que Deus deseja é abençoar. Você já
experimentou falar com Deus? Já experimentou uma oração em família, onde cada
um conta pra Deus como está sendo viver estes dias e pede ajuda pra torná-los
suaves?
“Feliz é a pessoa que teme o SENHOR
(...)
Na sua casa, a sua mulher será
como uma parreira cheia de uvas;
em volta da sua mesa, os seus filhos
serão como rebentos de oliveira.
Assim será abençoado
todo aquele que teme o SENHOR.
Que, do monte Sião, o SENHOR o abençoe!
Que veja as bênçãos de Jerusalém durante
toda a sua vida!
Que viva para ver os filhos dos seus
filhos! (...)”
(Salmos 128)
Paulo teria criado a hashtag #familiadeboas se vivesse nos tempos
atuais e postaria a dica da semana com o trecho da carta que escreveu aos
colossenses: Esposas, que cada uma de vocês se sujeite a seu próprio marido, como
convém no Senhor. Maridos, que cada um de vocês ame a sua esposa e não a trate
com amargura. Filhos, em tudo obedeçam a seus pais, pois fazer isso é agradável
diante do Senhor. Pais, não irritem os seus filhos, para que eles não fiquem
desanimados. (...) Tudo o que fizerem, façam de todo o coração.
É isso.
#familiadeboas
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