sexta-feira, 13 de novembro de 2020

TEM BARULHINHO BOM... MAS NÃO É TODA HORA.

  

TEM BARULHINHO BOM... MAS NÃO É TODA HORA.

Denize Vicente – Em Casa – Rio de Janeiro – RJ

 

“Já ancorado na Antártica, ouvi ruídos que pareciam de fritura.

Pensei: será que até aqui existem chineses fritando pasteis?

Eram cristais de água doce congelada que faziam aquele som quando entravam em contato com a água salgada. O efeito visual era belíssimo.

Pensei em fotografar, mas falei para mim mesmo:

- ‘Calma, você terá muito tempo para isso...’

Nos 367 dias que se seguiram, o fenômeno não se repetiu. Algumas oportunidades são únicas”.

Amyr Klink

 

Estamos vivendo a realidade de uma pandemia há meses. 2020 é um ano completamente diferente de tudo o que eu já vivi. No meio de tantas perdas, tantas histórias tristes, tanto sofrimento... algumas coisas boas têm acontecido. Ter cinco semanas inteiras de convívio diário com meus pais, minha irmã e meu cunhado, por exemplo, depois de sete meses em distanciamento social... é uma bênção. Comer um bolo de laranja fofinho num final de tarde... é bênção. Reencontrar (ainda que virtualmente) uma amiga que você procurou por quase vinte anos... bênção. Reunir-se semanalmente com amigos dos mais variados lugares do mundo, em encontros telepresenciais... Ah... tudo isso é bênção!

Como diria o Daniel, do alto de seus quatro anos de sabedoria: “Ai, que coisa boa pra vida!”.

Mas essas são as coisas boas. Entre uma e outra a gente foi perdendo amigos, familiares, pessoas queridas, além dos tantos milhares que não conhecemos, mas que eram queridos de alguém... Nesse espaço de tempo a gente vem sofrendo dores e experimentando o amargor dessa doença. Não está sendo fácil.

 
É isso. A gente não sabe o quanto tem de tempo para gastar com o que realmente é essencial ou com quem realmente importa. Por isso, “carpe diem!”. Ancorado na Antártica, ouça o ruído dos cristais de água doce congelada.

Aproveite a oportunidade que a vida está lhe dando...

Aproveite; não gaste.

Cuide-se. Cuide do outro. E vá dando o seu melhor. Seu melhor sorriso, seu melhor cumprimento de cotovelos (até que possa abraçar de novo), o melhor do seu tempo. Respeite a vida. A sua e a do outro. E valorize os momentos. Olhe ao redor. Alguns fenômenos podem nunca mais se repetir e algumas oportunidades são únicas. Seja sábio ao administrar seu tempo, seu comportamento, suas palavras e seu livre arbítrio. Não pense que “viver a vida” é ser inconsequente. Viver a vida tem muito mais a ver com intensidade do que com volume. Volume é quantidade. Intensidade é qualidade.


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