JUSTIÇA, PAZ E TRANQUILIDADE.
Denize Vicente – Em casa - Paty do Alferes – RJ
Eu estava no meu primeiro período da faculdade de Direito.
O professor indicou.
Poucas
coisas no mundo - das que custam dinheiro - são essenciais e baratas ao mesmo
tempo. É o caso desse livro de Lon Luvois Fuller, Professor de Jurisprudência da
Faculdade de Direito de Harvard: "O Caso dos Exploradores de Cavernas".
Leitura fundamental para estudantes de Direito e eletiva para todo ser humano, é daquelas eletivas que você briga pra conseguir uma vaga, como nos tempos da faculdade.
Você desenvolve seu poder de argumentação, o poder de persuasão, equilibra-se entre o "ser influenciável" e o "ser convencido", desenvolve seu potencial humano, o raciocínio lógico, lembra-se da velha questão do "bom senso", e tem suas primeiras e profundas lições de Direito. Você conhece posturas filosóficas diferentes sobre Direito e sobre os Governos, e se coloca em contato com as ideias mais lancinantes da sua alma. E, acredite, não é um livro de autoajuda!
Conta-se, nele, o caso (fictício) dos cinco exploradores de cavernas que ficaram presos no interior de uma caverna de rocha calcária após um desmoronamento de terra. É mais antigo, bem mais antigo do que o recente e real caso dos mineiros que ficaram presos numa caverna no Chile.
O livro trata do recurso apresentado pelos quatro acusados que foram processados e condenados à morte por enforcamento. A condenação deveu-se ao fato de que, no 23º dia após a entrada dos cinco exploradores na caverna um deles havia sido morto e servido de alimento para os seus companheiros.
O morto se chamava Whetmore. Os homens haviam chegado ao limite da sobrevivência. A ideia de que alguém servisse de alimento aos demais foi dele. Ele também foi quem sugeriu que a escolha se fizesse por sorteio. Antes que fosse lançada a sorte, Whetmore desistiu. Foi acusado de violação de acordo, pelos demais. Na sua vez, alguém lançou os dados por ele. A sorte não o acompanhou, e Whetmore foi o "sorteado". Foi então morto. E agora os exploradores sobreviventes, condenados pela Justiça, pretendem a reforma da sentença condenatória.
A edição que eu tenho nas mãos é daquelas de bolso. A história é contada em 75 páginas. O livro custa entre quatro e pouco e quatorze e tantos reais. Você compra até pela internet. Compre.
Leia. Reflita e pense bem. E depois dê o livro a alguém. Promova a leitura e a reflexão. Porque em alguma altura da vida eu, você e os outros, todos temos de fazer nossos julgamentos. E é tão difícil não confundir o Direito com a Lei, tão difícil também não confundir a Lei com a Justiça...
Todos desejamos um mundo justo. Desejamos a justiça para nós, naturalmente, e provavelmente desejamos o mesmo para todos. Na verdade, o que comumente pedimos é justiça para os ofendidos; mas, para os ofensores, queremos mais do que isso. Queremos carrascos e vingança...
Quando nos sentimos injustiçados, quando não temos o que merecemos, ansiamos por um julgamento que nos traga uma justa compensação; mas, geralmente, quanto aos outros, se os consideramos culpados, queremos que a justiça funcione como a nossa vingança. Justiça compensatória é para mim; para os outros, a justiça vingativa.
Essa não é a melhor visão de um mundo justo.
Nossa cultura conhece a justiça apenas desse modo cheio de ressentimento e de carrascos, coisa típica de quem, humanamente, não consegue deixar o passado para trás.
E essa espécie de justiça, ligada à vingança, não traz paz.
A propósito disso, eu me lembro das palavras de Isaías:
“(...) Eis que um rei justo está para vir (...)
Um tempo de paz e de justiça (...)
No país, haverá justiça por toda parte;
todos farão o que é direito.
A justiça trará paz e tranquilidade,
trará segurança que durará para sempre.”. (Isaías 32)
Leia “O Caso dos Exploradores de Cavernas”. Medite. Você vai perceber que julgar é um sistema complexo, que exige tempo e uma análise profunda e o mais completa possível dos fatos. Não é à toa que a Bíblia nos mostra Deus como “Justo Juiz”. Ao tomar a decisão a respeito de cada ser humano Ele leva em conta cada detalhe. E isso, acredite, é paz.
Eu desejo que você tenha paz e tranquilidade.
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