O
HOMEM QUE MAIS DEFENDEU AS MULHERES (Parte 1)
Larissa Oliveira – Bento Ribeiro – Rio de
Janeiro - RJ
“[...]
Certa vez, uma mulher foi pega em adultério. Arrancaram-na da cama e a
arrastaram centenas de metros até o lugar em que Jesus se encontrava. A mulher
gritava ‘Piedade! Compaixão!’, enquanto era arrastada; suas vestes iam sendo
rasgadas e sua pele sangrava esfolando-se na terra.
Jesus estava dando uma aula tranquila
na frente do templo. Havia uma multidão ouvindo-o atentamente. Ele lhes
ensinava que cada ser humano tem um inestimável valor, que a arte da tolerância
é a força dos fortes, que a capacidade de perdoar está diretamente relacionada
à maturidade das pessoas. Suas ideias revolucionavam o pensamento humano, por
isso começou a ter muitos inimigos. Na época, os judeus constituíam um povo
fascinante, mas havia um pequeno grupo de radicais que passou a odiar as ideias
do Mestre. Quando trouxeram a mulher adúltera até ele, a intenção era
apedrejá-lo juntamente com ela, usá-la como isca para destruí-lo.
Ao chegarem com a mulher diante dele, a
multidão ficou perplexa. Destilando ódio, comentaram que ela fora pega em
flagrante adultério. E perguntaram qual era a sentença dele. Se dissesse ‘Que
seja apedrejada’, ele livraria a sua pele, mas destruiria seu projeto
transcendental, seu discurso e principalmente seu amor pelo ser humano, em
especial pelas mulheres. Se dissesse ‘Não a matem!’, ele e a mulher seriam
imediatamente apedrejados, pois estariam indo contra a tradição daqueles
radicais. Se os fariseus tivessem feito a mesma pergunta aos discípulos de
Jesus, estes provavelmente teriam dito para matá-la. Assim se livrariam do
risco de morrer.
Qual foi a primeira resposta do Mestre
diante desse grave incidente? Se você pensou: ‘Quem não tem pecado atire a
primeira pedra!’, errou, essa foi a segunda resposta. A primeira foi não dar
resposta, foi o silêncio. Só o silêncio pode conter a sabedoria quando a vida
está em risco. Nos primeiros 30 segundos de tensão cometemos os maiores erros
de nossas vidas, ferimos quem mais amamos. Por isso, o silêncio é a oração dos
sábios. Para o Mestre dos Mestres, aquela mulher, ainda que desconhecida,
pobre, esfolada, rejeitada publicamente e adúltera, era mais importante do que
todo o ouro do mundo, tão valiosa como a mais pura das mulheres. Era uma joia
raríssima, que tinha sonhos, expectativas, lágrimas, golpes de ousadia, recuos,
enfim, uma história fascinante, tão importante como a de qualquer mulher. Valia
a pena correr riscos para resgatá-la.
Para o Mestre dos Mestres não havia um
padrão para classificar as mulheres. Todas eram igualmente belas, não
importando a anatomia do seu corpo, não importando nem mesmo se erravam muito
ou pouco. Jesus precisava mudar a mente dos acusadores, mas nunca ninguém
conseguiu mudar a mente de linchadores. O ‘eu’ deles era vítima das janelas do
ódios, não eram autores da sua história, queria ver sangue. O que fazer, então?”
Continua...
Augusto Cury
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