quarta-feira, 5 de agosto de 2020

POSTE OU IPÊ


POSTE OU IPÊ
Larissa Oliveira – Bento Ribeiro – Rio de Janeiro - RJ            

Estudando o segundo livro que Paulo escreveu aos coríntios, dei uma paradinha em alguns trechos para analisar certas questões e me detive em um específico para escrever esse texto. O capítulo quatro, assim como os anteriores, é de uma riqueza sem tamanho sobre o que podemos extrair das vivências e experiências da vida de Paulo.

Sua motivação motivava outros; sua coragem encorajava outros; sua inspiração inspirava outros. Ele escreveu: “Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia.”. II Coríntios 4:16

Lendo esse verso me lembrei de uma história fantástica que aconteceu em Rondônia e exemplifica bem as palavras de Paulo.

Há algumas décadas uma sementinha foi semeada (provavelmente por pássaros) lá na Floresta Amazônica. Ela germinou e em menos de um ano já estava uma linda plantinha. E com todas as funções ecossistêmicas do local a plantinha foi crescendo e se tornou uma linda árvore, que além das tarefas fundamentais, carregava em si uma tarefa artística: a de colorir a mata verde. Era um enorme ipê amarelo que anunciava o início do verão amazônico.

Porém, num triste dia para aquele ipê, ficou decidido que ele não mais iluminaria a mata com suas flores. Agora ele iria iluminar com uma energia que não era sua, pois serviria de poste para conduzir fios de eletricidade para as pessoas na cidade, lá em Porto Velho (RO).

Ele foi arrancado da floresta. Suas raízes, retiradas. Suas flores, galhos menores e cascas foram parar no lixo. Galhos maiores talvez tenham feito uma longa viagem para o Sudeste, para alimentar a indústria e o comércio. Aquele tronco foi fincado numa das ruas da cidade, puseram travas nele, parafusos e todo o aparato para ser por anos um excelente poste de luz. E, pronto! Era o fim do ipê amarelo. Só que se esquecerem de avisar isso ao ipê.

Sim, aquela árvore foi poste por muitos anos, mas a Natureza decidiu que ela continuaria sendo um ipê.

Surpreendentemente a natureza reconstituiu as raízes daquele tronco juntamente com os canais de condução de nutrientes e, como algo mágico e impossível, na época da florada aquele poste floresceu e coloriu as ruas de amarelo.

As pessoas ficaram emocionadas e pediram que aquele ipê fosse resgatado daquela condição. A companhia elétrica construiu um poste de concreto ao lado do ipê e transferiu os fios pra lá.

Atualmente o insistente ipê da Rua Jatuarana, apesar de ainda levar em seu tronco travas e parafusos, é um grande símbolo de resistência, resiliência e vontade de viver o que nasceu para viver.

Esse ipê permitiu que a Natureza fizesse umas das obras mais incríveis que eu já vi. Durante anos seu interior estava sendo transformado para que no momento certo florescesse novamente.

O verso inicial do apóstolo Paulo é um convite pra mim e pra você.

As transformações internas acontecem com o tempo. Deus é a Natureza insistente sonhando que você viva o que nasceu para viver. Ele é capaz de reconstruir raízes, de reconstruir componentes estruturais da sua vida e é capaz, sim, de fazer você florescer novamente. A amputação e o concreto exigiram daquele ipê muita força em sua decisão de não ser um poste, mas ele sabia que a Natureza faria de tudo para ajudá-lo.

Um forte abraço!




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