BEIJINHO NO OMBRO
Por
João Octávio Barbosa
Hoje
é dia de São Mateus. Esse homem, diz a Bíblia, era um coletor de impostos malvisto
pelo seu povo, devido à sua profissão muito impopular. Foi chamado por Jesus
para ser Seu discípulo e aceitou. Largou seu emprego público de fiscal de renda
e foi virar “pescador de almas”.
Com
muitos anos de experiência como seguidor de Jesus, ele escreveu um livro sobre
tudo que tinha visto em sua experiência com o Senhor. Temos acesso a suas
palavras no primeiro livro do Novo Testamento bíblico, o Evangelho de Mateus.
Em seu capítulo 26, mais especificamente em dois trechos (versos 3-5 e 57-66), Mateus introduz
um personagem vital nos momentos finais da vida de Jesus na Terra: Caifás, sumo
sacerdote judeu da época. Ele é nosso Perfil Sem Curtidas de hoje.
Caifás,
diz a história, ficou cerca de vinte anos no mais alto cargo eclesiástico (e, consequentemente,
social) dos judeus, após indicação de Roma, o Império que nessa época dominava
aquela região, politicamente. A função do sumo sacerdote era sagrada para o
povo de Israel. Era hereditária, também, e caiu no colo de Caifás sem nenhum
merecimento, como veremos a seguir.
Recalque.
Inveja. Perfídia (primeira vez que uso essa palavra na minha vida. Repita comigo:
per-fí-dia). O traiçoeiro Caifás não se conformou em ver um profeta discriminado
de Nazaré ir roubando aos poucos toda a atenção e carinho do povo judeu. Mais
que seu status, seu cargo estava em
jogo. O poder que possuía poderia ser perdido, caso Jesus convencesse o povo a
não obedecer, cegamente, seus líderes religiosos.
Movido
pelos satânicos sentimentos da inveja, medo, e vingança, foi na casa de Caifás
que aconteceu um encontro dos principais líderes judeus para um pacto de
assassinar Jesus. Em João
11:47-53, logo após Lázaro ressuscitar, Caifás já declarava abertamente,
dentro da sua cúpula, que a morte de Jesus era vital para a mantença do seu
cargo. Nós nem precisamos fazer um “grampo telefônico” na casa dele. Ele
confessa a tentativa de golpe e João nos alerta.
A
oportunidade surge quando Judas perde toda a fé em Jesus e vende sua lealdade a
ele para Caifás por 30 moedas de prata. É o servo de Caifás quem perde a orelha
num golpe de Pedro, enquanto Jesus é preso. Caifás vê o homem que ele odiava
curar milagrosamente o seu guarda-costas ali, na hora, e nem isso amolece seu
coração mau.
Foi
para a casa de Caifás que Jesus foi levado naquela madrugada. O líder do “povo
de Deus” permitiu e incentivou a violência ao Mestre, das suas portas para
dentro. Igualmente, permitiu a injustiça de um julgamento sem lei, sem
respaldo, sem precedentes.
Nesse
momento emblemático, ele questiona a Jesus, diretamente: “És o filho de Deus?”
Quando Jesus responde que sim, Caifás dramatiza seu espetáculo com um grito de
blasfêmia e o rasgar de suas vestes. Embora pareça um razoável gesto de agravo
pela declaração bombástica (todavia, real) de Jesus, Caifás estava cometendo
apenas mais um pecado, descumprindo a ordem dada em Levítico 21:10, de que o
sumo sacerdote nunca deveria rasgar suas vestes.
Era
um despreparado. Um homem com todos os defeitos que não se devia achar em um
sumo (principal) sacerdote, e nenhuma das qualidades.
Entre
seus pecados, a teimosia no erro. Em sua última citação bíblica, em Atos 4:6, Caifás, seu sogro
Anás, e outros da sua patotinha, continuavam perseguindo Jesus, por meio de
seus seguidores, por pura inveja e medo de perder suas altas posições político-sociais-financeiras.
Caifás
foi um líder religioso traidor da sua própria religião. Cuidado! Ainda existem
muitos iguais por aí.
Não
peço que concordem, espero que reflitam!
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