sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

NATAL NA ILHA DO NANJA

NATAL NA ILHA DO NANJA
Denize Vicente – Rio de Janeiro – RJ

Qual foi a última vez que você leu Cecília Meireles? 
Hoje é dia!
Crônica extraída do livro “Ilusões do Mundo”, Editora Global:

Na Ilha do Nanja, o Natal continua a ser maravilhoso. Lá ninguém celebra o Natal como o aniversário do Menino Jesus, mas sim como o verdadeiro dia do seu nascimento. Todos os anos o Menino Jesus nasce, naquela data, como nascem no horizonte, todos os dias e todas as noites, o sol e a lua e as estrelas e os planetas. Na Ilha do Nanja, as pessoas levam o ano inteiro esperando pela chegada do Natal. Sofrem doenças, necessidades, desgostos como se andassem sob uma chuva de flores, porque o Natal chega: e, com ele, a esperança, o consolo, a certeza do Bem, da Justiça, do Amor.

Na Ilha do Nanja, as pessoas acreditam nessas palavras que antigamente se denominavam "substantivos próprios" e se escreviam com letras maiúsculas. Lá, elas continuam a ser denominadas e escritas assim.

Na Ilha do Nanja, pelo Natal, todos vestem uma roupinha nova — mas uma roupinha barata, pois é gente pobre — apenas pelo decoro de participar de uma festa que eles acham ser a maior da humanidade. Além da roupinha nova, melhoram um pouco a janta, porque nós, humanos, quase sempre associamos à alegria da alma um certo bem-estar físico, geralmente representado por um pouco de doce e um pouco de vinho. Tudo, porém, moderadamente, pois essa gente da Ilha do Nanja é muito sóbria.

Durante o Natal, na Ilha do Nanja, ninguém ofende o seu vizinho — antes, todos se saúdam com grande cortesia, e uns dizem e outros respondem no mesmo tom celestial: "Boas Festas! Boas Festas!".

E ninguém pede contribuições especiais, nem abonos nem presentes — mesmo porque se isso acontecesse, Jesus não nasceria. Como podia Jesus nascer num clima de tal sofreguidão? Ninguém pede nada. Mas todos dão qualquer coisa, uns mais, outros menos, porque todos se sentem felizes, e a felicidade não é pedir nem receber: a felicidade é dar.

Pode-se dar uma flor, um pintinho, um caramujo, um peixe — trata-se de uma ilha, com praias e pescadores! — uma cestinha de ovos, um queijo, um pote de mel... É como se a Ilha toda fosse um presepe. Há mesmo quem dê um carneirinho, um pombo, um verso! Foi lá que me ofereceram, certa vez, um raio de sol!

Na Ilha de Nanja, passa-se o ano inteiro com o coração repleto das alegrias do Natal. Essas alegrias só esmorecem um pouco pela Semana Santa, quando de repente se fica em dúvida sobre a vitória das Trevas e o fim de Deus. Mas logo rompe a Aleluia, vê-se a luz gloriosa do Céu brilhar de novo, e todos voltam para o seu trabalho a cantar, ainda com lágrimas nos olhos.

Na Ilha do Nanja é assim. Árvores de Natal não existem por lá. As crianças brincam com pedrinhas, areia, formigas: não sabem que há pistolas, armas nucleares, bombas de 200 megatons. Se soubessem disso, choravam. Lá também ninguém lê histórias em quadrinhos. E tudo é muito mais maravilhoso, em sua ingenuidade. (...)
É assim que se pensa na Ilha do Nanja, onde agora se festeja o Natal.



Cecília Meirelles descreveu o Natal na Ilha. E você, como descreveria o Natal na sua vida? A felicidade é dar? Mesmo uma flor, uma fatia de bolo, um quilo de feijão, uma lata de óleo, um pote de doce de abóbora, um abraço, um bilhetinho? Dar amor, dar um pedaço de pão, dar a quem tem fome, a quem tem sede, a quem tem frio, a quem pouco ou nada tem. Dar o melhor sorriso, o maior abraço. Dar de coração. Dar o coração.

Eu queria que todos, no mundo inteiro, os bondosos, e até mesmo os que não têm amor no coração, tivessem uma noite de paz e um dia de Natal onde a bondade e a felicidade reinassem soberanas. Para que os benfeitores tivessem a bênção da recompensa por toda a vida de bondade que vivem, e os malfeitores, sem amor, vissem como é maravilhoso um mundo de paz. Mas não é assim que acontece...

Da primeira vez em que reproduzi esse texto da Cecília Meireles e lamentei o tanto de ódio e desamor perto de nós, mesmo numa época em que deveria haver mais amor e harmonia entre as gentes, o Amigão (sim, aquele que escreve aqui no blog às terças-feiras) comentou assim:
“Aqui não é a Ilha do Nanja. Mas bem poderia ser Natal o ano todo. Pensando bem, pode. Depende de mim e de você, né não? E já que vai começar um ano novo talvez a gente possa fazer. bjs”.

Naquela época ele nem desconfiava que eu teria uma coluna neste blog chamada “Pensando Bem”, mas já sabia que a gente pode, sim, alterar o curso das coisas e fazer um mundo diferente, transformado, a começar por mim. Mais amor, mais perdão, mais abraços e olhares de aceitação... 

E se você também pensar assim e quiser começar a fazer a diferença, repita para si mesmo: “um mundo com mais amor, a começar por mim”. E é desse jeitinho que a gente pode ter um feliz Natal o ano inteiro.

2 comentários:

  1. Esse texto me faz lembrar de uma música do Jquest que diz assim: "vivemos esperando, dias melhores. Dias de paz, dias a mais. Dias que não deixaremos para trás". Sonho realmente com o dia em que todos nós pensaremos mais com o coração. Sinto-me triste e impotente diante dos males sofridos por humanos, causado por humanos. Tenho ciência de que a única saída é Jesus. Mas Jesus age diretamente no coração daqueles são sensíveis àqueles que sofrem. Pois, bem! Quero colocar meu coração a disposição de Cristo! Pronto! Vamos começar a mudar esse cenário. A começar por mim!Valeu Denize! Mais uma vez, na mosca🎯!!

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    1. Sim! Mais amor e compaixão. Menos ódio e indiferença.Podemos todas as coisas nAquele que nos dá força!
      Que 2019 seja diferente. Que sejamos a mudança que queremos ver no mundo.

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