EM FEVEREIRO A GENTE VOLTA
COM TEXTOS INÉDITOS E OUTRAS
NOVIDADES!!
Até lá, continue com a gente,
refletindo sobre coisas que podem mudar o rumo da sua vida em 2016.
refletindo sobre coisas que podem mudar o rumo da sua vida em 2016.
O LIVRO DA
MINHA VIDA
(Por Airton
Sousa)
Minha
relação com os livros é algo muito pessoal. Não gosto de falar deles. São meus.
A maioria deles li em noites solitárias e chuvosas. Foram meus amigos ocultos e
participaram das minhas teorias conspiratórias e muitas vezes me acalmaram e
aliviaram a noite que se anunciava fria.
Quando eu
era pequeno li “O mistério da caverna”, que narrava as aventuras de dois
meninos que passavam a noite caminhando pela aldeia e praticando o bem. Os
dois, munidos com sua lanterna, consertavam uma casa aqui, um barquinho ali,
devolviam um objeto perdido acolá... e tudo na calada da noite, até serem investigados
e descobertos pelo detetive Roy, já que a pequena aldeia estava em alvoroço
tentando descobrir os autores daqueles mistérios estranhos. Li “O mistério da
caverna" quantas vezes pude. Praticamente a infância inteira.
Lá na
pequena Escola Adventista de Campo Grande havia o "Clube do livro" e
na quarta série fui campeão, com um recorde de leitura. A contagem era pelo
total de páginas lidas. Isso me lembra a professora Miriam Mariana Barbosa (sei
o nome inteiro de cor). Depois, já no ensino fundamental, lá pela quinta ou
sexta série li “Férias em Xangri-lá”, indicado pela minha querida professora
Vasty Heiderich que encantou e envolveu minha pré-adolescência. Lembro-me do
salseiro que os pais de alguns alunos criaram quando ela recomendou a leitura
do livro “Meu pé de laranja lima”, lá na Escola Adventista de Madureira. Essa
professora é um dos posts mais bonitos da minha vida que vou guardar para
publicar no dia dos professores.
Para ser bem
sincero, os livros substituíam os brinquedos, já que éramos pobres e a diversão
era ler. E pra ser mais sincero ainda, muitas vezes substituíram a própria
alimentação. Comida já foi coisa rara em minha vida. Livros não. Nunca.
Na
publicidade, li todos os livros de marketing, técnicas de pesquisas e mais
todos os que tinha que ler, até o momento em que esses foram trocados pela
coleção inteira com 33 volumes de "Asterix".
Houve outros
e outros e centenas deles, que encontrei pela rua, nos sebos. Eu gosto de sebo
até hoje; é onde faço pequenas pescarias de livros raros e antigos.
Mas este
texto não era para tratar dos livros que li, comprei em livrarias e sebos ou
nas calçadas da Praça da República. O que quero contar hoje é sobre o livro da
minha vida. Quando estava preparando minha mudança de volta para o Rio de
Janeiro, encontrei a minha velha Bíblia guardada em uma caixa cheia de poeira.
Essa Bíblia ganhei da minha mãe e repassei ao meu filho quando ele casou, em
2009. Eu tenho outros exemplares da Bíblia, mas estou falando deste,
especificamente. Dei como presente de casamento para o meu filho, mas não sei
por que motivo ela estava na minha bagagem de volta. Na primeira página, a
dedicatória: “Filho este livro vai fazer você esquecer o pecado. Ou o pecado
vai fazer você esquecer este livro”.
Esse
exemplar está comigo novamente e sempre bem visível, e eu o tenho desde 1986.
É item de
bagagem, é horóscopo, é meditação, é remédio, é a minha bússola diária. Não foi
o único, como puderam ver, mas foi o que me acompanhou nesta longa e agitada
vida. E foi nele que aprendi a mais absoluta de todas as verdades: "O
choro pode durar uma noite inteira, mas a alegria virá pela manhã".
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