PARA
SEMPRE É MUITO TEMPO!
Por Denize Vicente
Na última quarta-feira, dia 9 de março, fez
um ano da morte de R., filho de uma amiga minha, lá da igreja que eu faço parte
há uns cinco anos. A mãe eu conheço há algum tempo, mas a família toda eu só fui
conhecendo aos poucos. O rapaz morreu num acidente de moto. Era jovem, bonito,
casado, e cheio de vida, quando a perdeu. Teria feito 30 anos em fevereiro. Mas
não está aqui... Deixou sua família inteira desolada, a sua morte.
Também em fevereiro, dia 26, M. faria
aniversário de 46 anos... mas ele se foi quando ainda tinha 37, em
circunstâncias até hoje não esclarecidas. Levou três tiros, e tudo o que
sabemos é que falou em defesa de uma garota que estava no mesmo meio de
transporte que ele, sendo maltratada pelo seu parceiro. E M. deixou filho,
mulher, pais, irmãos, sobrinhos, amigos... totalmente desconsolados. Era tão
doce! Era tão belo!
Houve um tempo em que você consultava uma
seção do jornal chamada “Obituário”, pra saber quem havia morrido. Hoje não há
espaço suficiente na primeira página para noticiar as mortes do dia anterior. E
é assim todos os dias. Os obituários continuam lá em alguma página dos jornais,
mas as tragédias mortais estão em cada esquina, disputando espaço.
A dor que essas mortes provocam naqueles
que são próximos daqueles que partem não pode ser comparada a nada, neste
mundo, tamanha a grandeza; não pode, sequer, ser imaginada por outro ser
humano, ainda que ele também tenha passado por alguma experiência parecida. Não
importa se a morte é de causa natural, se foi súbita ou inesperada, se foi o
desfecho de uma doença que foi se estendendo por muitos anos ou que se agravou
de repente, não faz diferença se foi homicídio, latrocínio... Dói. Sempre dói.
E muito. Ninguém sequer faz ideia da dor que o outro sente, por mais que se
identifique com ele, seja solidário e tenha empatia.
O tema ligado à morte é doloroso demais
para um post, tanto quanto é para a vida... Mas eu vou prosseguir porque o
final dele é esperança!
Lembro-me
da história de Jó, um homem que era justo, era leal ao seu Deus... e perdeu,
num mesmo dia, todos os seus filhos (Jó
1:13-19). No texto do dia 28 de agosto do ano passado
(clique AQUI) eu disse
que a história de Jó trata de um dos temas mais delicados da nossa vivência como
seres humanos, qual seja, de que modo lidar com a dor e o sofrimento? A
história de Jó nos ensina que a dor vai passar e o sol vai brilhar de novo; que
o sofrimento atinge até quem é do bem; que talvez nunca tenhamos a explicação
para tudo (se puder, leia o texto)... mas ela não nos livra de sofrer
e chorar nem nos diz que somos horríveis se sofremos e choramos, inconformados.
Não sei quantos de nós conseguiriam dizer como Jó: "O Senhor deu, e o Senhor tirou; bendito seja
o nome do Senhor." (Jó 1:21), porque isso é muito mais do que
paciência; é um certo grau de resiliência que, talvez, eu jamais alcance...
A mãe de R. disse esta
semana: “Queria confiar que, como diz
Paulo, '...sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem
daqueles que amam a Deus' (Romanos 8:28), mas me perdoa, Senhor, não
consigo ver nenhum bem em ter perdido meu filho...”.
O irmão de M. disse no dia
26 de fevereiro: “... Que vontade de abraçá-lo!”.
E cada um de nós talvez carregue uma dor
como essas, parecida, mas que só quem a sente conhece, exatamente.
Eu não sei dizer de que forma, porque da
mesma maneira que cada um sente a sua dor de modo único, Deus também tem um
modo individualizado de lidar com a dor de cada um, mas, sim, de alguma forma Ele
será para todos um porto seguro. “O
Senhor é refúgio para os oprimidos, uma torre segura na hora da adversidade.”
(Salmos 9:9)
Jeremias, que chorava por seu povo, quando
profetizava, disse uma vez que se lembrava das aflições que havia experimentado,
dos seus delírios, da sua amargura e do seu pesar... que se lembrava muito bem
disso tudo e que sua alma “desfalecia”; e então completou: “...mas a esperança volta quando penso no
seguinte: o amor do Senhor Deus não se acaba, e a sua bondade não tem fim. Esse
amor e essa bondade são novos todas as manhãs; e como é grande a fidelidade do
Senhor! Deus é tudo o que tenho; por isso, confio nele. (...) O melhor é ter
esperança...”. (Lamentações de Jeremias 3:19-26)
E há mais!
Eu acredito na promessa que Deus fez, e
repetiu, de que um dia acabará com a morte para sempre, e enxugará as lágrimas
dos olhos de todos nós. (Isaías 25:8 e Apocalipse 21:4)
Sim. “O melhor é ter esperança”. Crer que Ele
acabará com a morte para sempre!
E para sempre é muito tempo!
Eu continuei a leitura pois sabia que o final era de esperança. Que esperança! Nada é para sempre quando temos a esperança de dias sem saudade, nem tristeza. Porque Ele enxugará para sempre nossas lágrimas.
ResponderExcluirSim!!
ResponderExcluirNunca mais lágrimas!
E nunca mais também é muito tempo, Amigão!!
Olha, achei lindo! Um tema tão triste, mas finalizado com a alegria que só Jesus nos dá! Essa esperança é que nos motiva a viver no meio de tanto sofrimento.
ResponderExcluirSim, Pamela, um tema doloroso, e que nos aflige. Uma vez eu li que se você perde a esperança tudo fica ainda pior. E é verdade. "O melhor é ter esperança". E é bom poder buscar direto na Fonte!
ResponderExcluirSomente Deus e a pessoa conhecem a dor de seu sofrimento; ninguém mais. As outras pessoas apenas têm uma noção.
ResponderExcluirExatamente! E este é o ponto: o alívio vem dAquele que, efetivamente, conhece a dor do nosso sofrimento e que sabe como tratá-la.
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