Por
Airton Sousa
“Perdão
Infinito 70x7” é o nome de um grupo de jovens da minha igreja. Gosto deles. Até
ganhei a camiseta de presente e a inspiração para falar sobre este tema
gostoso.
Perdão
é uma palavra intimamente relacionada à minha vida pessoal. Costumo dizer que não
“existe amigo perfeito e sim amigo perdoado”. Essa frase tem muito mais a ver
comigo do que com os outros, pois eu vou lhe contar: eu vacilo muito e sempre
acho que mereço o perdão; mas houve uma vez em que vacilei feio.
Eu
estava numa festa, bebi muito. Nessa época eu bebia muito mesmo. Exagerei. Fiz
um papelão. Cismei de tirar uma história a limpo com uma garota que estava
quietinha na festa. Fui lá, briguei, gritei, ofendi e a deixei chorando. Era
uma festa corporativa.
O
conceito de “graça”, que eu falo tanto aqui, não existe no mundo
corporativista. Existem regras visíveis e invisíveis. Você tem que fazer seu
caminho por si mesmo. Você não ganha nada sem merecer. A lei é dura. Errou,
pagou. E se der vexame na festa da firma
é rua, na certa. Só percebi o estrago no dia seguinte, quando acordei.
A moça
não só não aceitou meus pedidos de desculpas sinceras (eu também não aceitaria)
como levou o caso à alta esfera da agência (eu não levaria).
E agora
eu estava ali, na sala da Presidência. Foi um momento importante na minha
carreira. Eu não tinha defesa. Meus amigos não poderiam me defender, pois eles
também me consideraram culpados, dessa vez. Então, eu assumi a culpa. Eu disse,
claramente: “Sou culpado e estou disposto a pagar por isso”. Tentei ser o mais
errado possível e também o mais humilde, mas eu estava realmente envergonhado e
realmente arrependido.
-
Perdão, chefe. Eu errei.
- Sim,
você errou feio.
- Eu
sei que tenho que pagar por isso. Estou disposto a arcar com as consequências.
Na
verdade, eu estava ferrado.
Meu
presidente coçou a cabeça, olhou pra mim e deu a sentença final: “Em todos esses
anos de administração eu sempre achei que todo mundo merece segunda chance,
seja o que for que tenha feito....”. Eu não ouvi o resto, eu não me lembro do
resto. Ele me perdoou. Eu estava livre do castigo. Aleluia!
A moça
poderia me processar, exigir pagamentos, ou usar outros meios de desforrar as
ofensas que eu tinha feito. Ela preferiu não fazer nada disso, mas exigiu que
eu nunca mais lhe dirigisse a palavra.
Com o
tempo as mágoas foram cessando. O perdão corporativo veio, mas o perdão moral,
da garota, eu nunca recebi.
Naquela
ocasião fui tão grato ao meu Presidente que prometi lealdade e fidelidade por todo
o tempo em que ele me mantivesse na empresa. Ainda hoje, quando vislumbro essa
cena toda, eu me emociono. Lembro-me dos meus amigos esperando eu sair daquela
sala. A expectativa era muito grande. Eu sairia dali totalmente detonado. Eu
mesmo antes de me dirigir àquela sala, já havia arrumado minha mesa e gavetas.
O
perdão corporativo é bom. Ele lhe dá condições de se manter mais um tempo em
suas funções, mas você vive escravo da segunda chance. Você não pode errar
nunca mais.
Nossa
caminhada cristã é assim. Necessitamos do perdão de Deus.
“Nossos bolsos estão vazios, e nosso débito é
de milhões. Não precisamos de salário; precisamos de um presente. Não
necessitamos de lições de natação; necessitamos de um salva-vidas. Não
carecemos de um lugar para trabalhar; carecemos de alguém que trabalhe em nosso
lugar. Este ‘alguém’ é Jesus Cristo.”
(Nas Garras
da Graça, Max Lucado, CPAD, pág. 148)
Para o
meu chefe e meu amigo foi fácil perdoar; ele tinha o poder de decidir pelo sim
ou pelo não. Ele escolheu me perdoar.
Com
Jesus Cristo foi diferente. Ele nos perdoou uma dívida intransponível, mas para
isso teve que dar o seu próprio sangue. O mesmo sangue que ainda escorre e se
derrama pela nossa vida renovando nossa história, diariamente.
“Quando nosso coração
nos faz sentir culpados, ainda assim podemos ter paz diante de Deus”. Ele é
maior que nosso coração e sabe todas as coisas. (I João 3:20)
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